Fernando Trabach Filho, administrador de empresas, aponta que o avanço das tecnologias digitais impõe desafios urgentes à sociedade, especialmente no que se refere à ética algorítmica. Em um cenário em que algoritmos decidem desde o conteúdo exibido nas redes sociais até a concessão de crédito ou seleção de candidatos a emprego, surge a preocupação com a possibilidade de que essas decisões automáticas reforcem discriminações históricas ou padrões enviesados. A promessa de neutralidade da inteligência artificial esbarra na realidade dos dados usados para treiná-la, frequentemente marcados por desigualdades. Diante disso, torna-se crucial desenvolver critérios éticos claros, mecanismos de transparência e políticas de controle capazes de garantir que a automação sirva à equidade e não à perpetuação de injustiças.

Ética algorítmica e o desafio dos vieses nos dados de treinamento
A principal origem dos problemas envolvendo ética algorítmica está nos próprios dados utilizados para ensinar as máquinas a tomar decisões. Sistemas de inteligência artificial são treinados com informações históricas que, muitas vezes, carregam preconceitos de gênero, raça, classe social ou localização geográfica. Quando esses padrões são incorporados sem filtro, o resultado é um algoritmo que apenas replica desigualdades existentes. Segundo Fernando Trabach Filho, o viés algorítmico não é um erro técnico, mas sim um reflexo de escolhas humanas e contextos sociais complexos. A ausência de diversidade nas equipes de desenvolvimento, a falta de revisão crítica sobre os dados e a prioridade dada à eficiência em detrimento da justiça são fatores que amplificam o problema. Por isso, combater a discriminação algorítmica exige tanto aprimoramento tecnológico quanto mudança cultural nas organizações.
Transparência, auditoria e responsabilidade no desenvolvimento de algoritmos
Para lidar com os riscos da automação enviesada, é necessário incorporar princípios de ética algorítmica desde as etapas iniciais da concepção de um sistema. Isso inclui a adoção de processos de auditoria contínua, que verifiquem o comportamento dos algoritmos ao longo do tempo e identifiquem padrões discriminatórios. Também é fundamental promover a transparência nos critérios utilizados pelas máquinas para tomar decisões, de forma que usuários e reguladores possam compreender e questionar seus resultados. De acordo com Fernando Trabach Filho, outro aspecto essencial é a responsabilização das empresas e instituições que desenvolvem ou utilizam algoritmos. Quando uma decisão automatizada causa dano a um indivíduo ou grupo, deve haver caminhos claros para contestação e reparação. A tecnologia não pode ser uma “caixa preta” fora do alcance da justiça ou da crítica democrática.
Inclusão, diversidade e a construção de algoritmos mais justos
Além da revisão técnica dos modelos de inteligência artificial, a promoção da ética algorítmica passa pelo fortalecimento da diversidade nos processos de desenvolvimento. Equipes plurais, com vivências diferentes, são mais capazes de antecipar efeitos colaterais e questionar pressupostos normativos presentes nas bases de dados. Iniciativas de inclusão digital, educação crítica sobre algoritmos e incentivo a pesquisas interdisciplinares também são estratégias eficazes para humanizar a inteligência artificial. Conforme ressalta Fernando Trabach Filho, a criação de tecnologias mais justas depende não apenas de engenheiros, mas de uma rede ampla que envolva sociólogos, juristas, psicólogos, comunicadores e representantes da sociedade civil. A ética deve ser tratada como parte integrante da inovação, e não como um complemento posterior ou opcional.
Considerações finais
A consolidação da ética algorítmica é uma tarefa urgente para garantir que as decisões automatizadas respeitem os direitos fundamentais e contribuam para uma sociedade mais justa. O uso crescente de algoritmos em áreas sensíveis, como segurança, saúde, finanças e recursos humanos, exige comprometimento com a transparência, a equidade e a responsabilidade. A inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa da inclusão e da eficiência, desde que seus fundamentos sejam construídos com rigor ético e visão social.
Autor: Jormun Baltin Zunhika
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