Etanol de milho em Mato Grosso: combustível verde que pode alçar a aviação brasileira ao futuro sustentável

No coração do agronegócio brasileiro, Mato Grosso se destaca como protagonista na produção do etanol de milho, um biocombustível com potencial transformador para a aviação nacional e global. Em um cenário onde a sustentabilidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa são urgentes, o etanol de milho aparece como peça-chave para a descarbonização do setor aéreo, oferecendo uma alternativa viável ao querosene fóssil tradicional. O investimento crescente em tecnologia e infraestrutura no estado reforça o papel estratégico dessa região na liderança mundial da bioenergia.

A aviação, responsável por cerca de 2% a 3% das emissões globais de gases do efeito estufa, enfrenta o desafio de buscar soluções que conciliem eficiência energética com menor impacto ambiental. O etanol de milho, especialmente quando convertido em combustível sustentável de aviação (SAF) via tecnologia Alcohol-to-Jet (ATJ), apresenta-se como uma das alternativas mais promissoras. Apesar de ainda possuir custo superior a outras fontes, o SAF derivado do etanol garante menor emissão de carbono, tornando-se um investimento sustentável para o futuro do transporte aéreo.

Mato Grosso não apenas produz o etanol de milho em larga escala, como também avança na implementação de tecnologias que otimizam todo o processo produtivo, desde a colheita até a geração de energia renovável. Usinas modernas, como as da Inpasa em Sinop e Nova Mutum, utilizam métodos integrados que reaproveitam resíduos para cogeração de energia e biogás, diminuindo o desperdício e fortalecendo a cadeia produtiva. Além disso, o projeto de planta carbono neutro em Lucas do Rio Verde destaca o compromisso do estado com a inovação e a sustentabilidade.

O potencial do milho de segunda safra, conhecido como “safrinha”, é vital para o crescimento do etanol em Mato Grosso. Esse cultivo, que complementa a produção da soja, assegura a rentabilidade e sustentabilidade do agronegócio local. A produção de milho em Mato Grosso registrou aumento significativo na safra 2024/25, com previsão de crescimento contínuo, fortalecendo a posição do estado como um dos maiores produtores de biocombustíveis do país e, futuramente, do mundo.

A utilização do SAF na aviação é um avanço decisivo para a redução da pegada de carbono no setor. Ao substituir o querosene fóssil por combustível renovável, as emissões durante o voo são compensadas dentro de um ciclo fechado de carbono, proporcionando uma significativa diminuição no impacto ambiental das aeronaves. Além do benefício ambiental, o uso do SAF favorece a economia local, cria empregos e promove o desenvolvimento de tecnologias limpas que podem ser replicadas em outras regiões do país.

O programa federal “Combustível do Futuro” estabelece metas claras para a adoção do SAF na aviação nacional, com a expectativa de alcançar 10% da mistura até 2037. Este compromisso está alinhado com a meta internacional da Organização Internacional da Aviação Civil para neutralidade de carbono até 2050. Mato Grosso, com sua capacidade produtiva e matriz energética limpa, está posicionado para ser protagonista neste cenário, impulsionando o Brasil rumo à liderança mundial em combustíveis sustentáveis.

O sucesso do etanol de milho como matéria-prima para SAF depende de fatores que incluem incentivos governamentais, financiamento para novas plantas industriais e valorização do atributo ambiental do combustível. O reconhecimento do etanol de milho como um combustível de baixa intensidade de carbono coloca o Brasil em posição estratégica para atender à demanda global por fontes renováveis, especialmente diante da pressão internacional por soluções verdes e eficientes para o transporte aéreo.

Por fim, o etanol de milho em Mato Grosso representa mais do que um avanço tecnológico ou uma estratégia econômica. Ele simboliza a possibilidade de um futuro mais limpo e sustentável para a aviação e para o planeta. Com a combinação de inovação, responsabilidade ambiental e força produtiva, o estado se prepara para impulsionar um novo modelo energético, onde o combustível verde torna-se combustível do futuro, alçando voos altos em direção à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento econômico.

Autor: Jormun Baltin Zunhika